
No dinâmico cenário empresarial brasileiro, a saúde financeira e a continuidade dos negócios são preocupações constantes. Observamos em nossa atuação diária, seja por meio de vistorias, análise de histórico de sinistros ou em nossos programas de Gerenciamento de Riscos (GR), que muitas empresas, especialmente as de pequeno e médio porte (PMEs), pela necessidade de priorizar fatores como produção, prospecção e relacionamento comercial; acabam relegando a um segundo plano, um fator crucial: a manutenção e o cuidado com seus equipamentos.
Muitas empresas, quando buscam pelo seguro, levam em conta as coberturas tradicionais, como incêndio, alagamento ou roubo. Esses tipos de ocorrências são geralmente priorizados por sua natureza mais evidente. Porém, os problemas decorrentes da falha de equipamentos podem ter um impacto igualmente devastador, só que, muitas vezes, de forma mais silenciosa e progressiva.
Isso porque sabemos que há negócios que são muito ou totalmente dependentes de maquinários. E, principalmente em momentos críticos de produção, a indisponibilidade desses recursos pode gerar impactos significativos, como:
1. Interrupção das operações
A falha de uma máquina ou equipamento pode paralisar ou atrasar a operação de diferentes negócios. No universo das PMEs, estamos falando, por exemplo, de gráficas, organização do setor têxtil, restaurantes, clínicas, padarias, companhias da construção civil ou empresas da cadeia de logística. Em muitas dessas empresas, o equipamento é parte essencial do core business e o serviço só pode ser executado (ou o produto elaborado), se ele estiver em pleno funcionamento.
2. Elevação de custos
O conserto emergencial de máquinas e equipamentos costuma ser muito caro, na comparação com a manutenção preventiva. Além disso, enquanto o maquinário está inoperante, o negócio também perde com mão de obra ociosa e produtos que deixam de ser produzidos. Dependendo da situação, a empresa precisa locar um item que substitua aquele que está inoperante, elevando os custos ainda mais.
3. Sobrecarga da equipe
A falha de equipamentos importantes para o negócio costuma carregar o ambiente organizacional de estresse. Os colaboradores sabem que muito está sendo perdido com essa paralisação. Também reconhecem que, dependendo do tempo que a situação demorar para se restabelecer, o ritmo de trabalho será elevado para que novos prazos sejam cumpridos.
4. Diminuição da eficiência operacional
Em algumas empresas, as falhas de máquinas e equipamentos são frequentes. Nesses casos, é comum o registro de queda de capacidade produtiva. Também há cenários em que a qualidade dos produtos é prejudicada. Tudo isso, no médio e longo prazo, tende a fazer com que a companhia perca eficiência operacional, deixando de ser competitiva. Em um ambiente assim, fica mais difícil atrair e reter profissionais de talento.
5. Clientes insatisfeitos e reputação abalada
Quando não há um plano de contingência para lidar com adversidades, pedidos atrasam ou são cancelados. São situações que deixam os clientes muito insatisfeitos. Em geral, essas pessoas perdem a crença na marca. Também podem deixar de indicar os produtos e/ou serviços da empresa para outras pessoas. A organização perde, então, com a fuga de clientes para a concorrência.
Toda companhia que, de alguma forma, é dependente de máquinas e equipamentos precisa considerar o cuidado com esses ativos. As grandes empresas e multinacionais, geralmente contam com uma área de gestão, que estabelece um Mapa de Risco, com todos os riscos identificados quanto à sua potencialidade em termos de incidência (Baixo, Médio ou Alto). Desse material, é estabelecido um Plano de Gestão, em que são determinadas as medidas a serem tomadas para mitigar esses riscos. Isso inclui tanto manutenção preventiva quanto treinamento da equipe com relação ao uso correto dos itens, entre outros fatores.
Sabemos que, em empresas de menor porte, não é possível contar com uma área específica para esse fim, seja por volume ou capacidade financeira, e geralmente, essa função fica a cargo de algum sócio, o diretor financeiro ou o chefe de produção.
Independentemente de quem seja o responsável, é crucial para empresas com esse perfil adotar medidas preventivas, segui-las à risca e, periodicamente, revisitar o comportamento da produção e do maquinário para verificar se surge um novo risco, antes não identificado. Além disso, é importante contar com um seguro adequado para todas as máquinas e equipamentos da empresa.
Para quem lê, parece que estou citando o óbvio. Mas, acredite, no dia a dia, observamos em muitas inspeções de seguro que muita dor de cabeça e prejuízos de milhares de reais poderiam ser evitados com um mero lubrificante de baixo custo.
Em ambientes corporativos cada vez mais dinâmicos e complexos, é altamente estratégico mitigar as vulnerabilidades considerando os principais riscos. A falha de equipamentos, embora muitas vezes subestimada, pode ser um gatilho significativo para crises financeiras, comprometendo a capacidade das empresas de se manterem competitivas e resilientes. Afinal, lucrar também tem a ver com não perder.